Câncer de mama e colo uterino. Importância do Outubro Rosa

 

O mês de outubro, desde a década de 90, passou a ser conhecido como o mês da conscientização e combate ao câncer de mama. Mais recentemente o câncer do colo uterino também foi incluido nesta campanha mundial.

O câncer de mama é a neoplasia maligna mais frequente no sexo feminino. Sua incidência vem aumentando ano a ano. Recentemente ultrapassou o câncer de pulmão, se tornando a neoplasia que mais ceifa a vida das mulheres em todo o mundo. Quase 2,5 milhões de casos são esperados para 2022. No Brasil, conforme dados do INCA, 66.280 casos novos foram diagnosticados em 2021 e boa parte destes, em uma fase mais avançada, onde a maioria morre da doença. Ao contrário, quando o câncer é detectado em estágios iniciais, as possibilidades de cura passam de 95%. Como costuma ser silencioso no início da doença, os cuidados preventivos são cruciais.

Embora seja mais prevalente entre as mulheres, os homens também podem ter câncer de mama, representando 1% dos casos. Os principais fatores de risco são: menarca precoce e menopausa tardia; idade acima de 55 anos; alcoolismo; obesidade; mamas muito densas; histórico de câncer de mama ou ovário em familiares próximos e portar mutações genéticas (principalmente nos genes BRCA 1 e 2). Entretanto, muitas mulheres desenvolvem a doença sem apresentar tais fatores.

Para reduzir o risco, recomenda-se a prática de atividade física, alimentação saudável e redução do nível de estresse. O diagnóstico precoce é feito através do exame de mamografia anual, prescrita pelo médico especialista da mama. O autoexame também é estimulado e qualquer alteração deve ser esclarecida na consulta médica.

Graças a melhorias no tratamento, o diagnóstico de câncer de mama não é mais uma sentença de morte. As bases terapêuticas atuais é a cirurgia e a terapia adjuvante (que conta com quimioterapia, terapia-alvo, hormonioterapia e radioterapia). Com o desenvolvimento da ‘Medicina de Precisão’ é possível classificar o câncer do ponto de vista molecular e, para alguns subtipos, utilizar exame de ‘assinatura genética‘, que funciona como uma “digital” específica de cada tumor. Tudo isto, associado à modernas técnicas cirúrgicas, incluindo a Oncoplastia, possibilita resgatar a autoestima das mulheres, obtendo excelentes resultados, com elevado índice de segurança e cura.

O Mastologista é o especialista que está habilitado a conduzir corretamente o tratamento do câncer, realizar cirurgias oncológicas e reconstrutivas, além de orientar preventivamente, diagnosticar e tratar qualquer anormalidade mamária.

O câncer do colo do útero é outra neoplasia que acomete mulheres, tem forte associação com a presença do HPV, que é um vírus prevalente, de transmissão sexual. Ainda segundo dados do INCA, no Brasil, 16.710 casos são esperados para 2022). Para erradicar o câncer do colo uterino, a OMS recomenda a vacina contra o HPV, que tem sido oferecida na rede pública de saúde, pelo país. Se aplicada na população feminina antes do início da atividade sexual, é eficaz em prevenir definitivamente este câncer nas futuras gerações. Além da vacina, as mulheres precisam realizar a coleta dos exames preventivos. O mais conhecido é o teste de Papanicolaou, entretanto, o teste do HPV tem se mostrado mais eficaz para detecção precoce.

De uma forma geral, o Outubro Rosa serve para lembrar nossas mulheres (esposas, mães, parentes, amigas, vizinhas…) que a prevenção, através do diagnóstico precoce ainda é a arma mais eficaz para reduzir sofrimento e mortalidade, causadas pelo câncer de mama e do colo uterino. Nossa meta com a campanha é tornar esta conscientização perene, a ponto de todo mês do ano ser um “Outubro Rosa”.

 

Prof. Dr. José Carlos Campos Torres 

CRM(SP) 71192

 

O Dr Torres é o Diretor do Instituto Torres de Oncologia. É médico Mastologista membro da SBM e da American Society of Breast Surgeons. Cirurgião Onco-Ginecologista, responsável pela Cirurgia Oncológica Pélvica da Unicamp. Cirurgião Sênior Habilitado em Cirurgia Robótica (Plataforma Da Vinci) e ex Fellow do Istituto Europeo di Oncologia (Milan, Italy).