O que é câncer pélvico?
Também chamado de câncer ginecológico, o câncer pélvico diz respeito aos cânceres que atingem os órgãos localizados na região pélvica da mulher, incluindo a vulva, a vagina, o colo do útero, o endométrio, a tuba uterina, os ovários, o ducto Mülleriano primário e o peritônio pélvico.
Alguns deles são mais raros e muitos, por conta da dificuldade do diagnóstico, são identificados em fases mais avançadas, levando a tratamentos mais agressivos para o corpo da mulher. No entanto, a medicina tem feito progressos e, aliado ao diagnóstico precoce, as chances de cura dos tumores que atingem exclusivamente a mulher felizmente têm aumentado.
É essencial que toda mulher, principalmente após os 35-40 anos, assuma a postura de percepção e cuidado sobre o seu próprio corpo para que possa procurar um médico sempre que algo diferente surgir, tanto nas mamas, quanto na região ginecológica e pélvica.
Conheça osprincipais cânceres pélvicos
Câncer de vulva
O câncer de vulva corresponde a menos de 1% dos tumores malignos na mulher e é responsável por 3% a 5% dos tumores malignos do trato genital feminino. A incidência estimada é de 1 a 2 casos por 100.000 mulheres/ano com maior frequência entre mulheres com idade superior a 70 anos.
O tratamento realizado em fases iniciais tem melhores resultados tanto estético funcionais quanto em termos de sobrevida global, além de permitir elevado índice de cura. No entanto, por questões culturais das pacientes e pelo desconhecimento dos profissionais, o diagnóstico ocorre na maioria das vezes em fase avançada da doença, quando o prognóstico se torna pior e o tratamento mutilante.
O tratamento de eleição para o câncer de vulva é cirúrgico, porém, não existe um tratamento cirúrgico padronizado, devendo ser individualizado. O objetivo será a realização de uma terapia mais conservadora possível, levando em consideração o tamanho da lesão e o status dos linfonodos inguinais (chamado de estadiamento do tumor) e a situação clínica de cada paciente.
Câncer de vagina
O carcinoma primário de vagina é um tumor raro; corresponde 1% a 2% dos tumores malignos ginecológicos e ocupa o quinto lugar em incidência entre os tumores malignos do trato genital feminino. O conceito de tumor primário de vagina é o tumor que origina na vagina e não acomete a vulva nem o colo do útero.
Cerca de 70% a 80% das pacientes com essa doença têm mais de 60 anos de idade.
A escolha do tratamento deve ser baseada no estadiamento, na localização do tumor e nas condições clínicas da paciente e pode ser cirúrgico, quimioterápico, radioterápico ou a associação de tratamentos.
Câncer do colo do útero
O câncer do colo uterino é, em nosso país, o tumor maligno mais frequente no sistema genital feminino, diferente do que ocorre em países mais desenvolvidos, onde prevalece o câncer de endométrio. É, também, o segundo câncer mais frequente na mulher, em todas as localizações, exceto pele.
A estimativa de incidência, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), é que no Brasil serão mais de 16.700 casos novos para o ano de 2020. Nos países desenvolvidos, a sobrevida média de cinco anos para as pacientes tratadas é de 51% a 66%, enquanto que nos países em desenvolvimento a sobrevida média em cinco anos é de 41%.
Dentre os fatores de risco do câncer de colo do útero estão:
- Infecção pelo Papiloma Vírus Humano (HPV)
- Tabagismo
- Lesões determinadas pelo Herpes Vírus Simples (HVS) tipo II
- Parceiro sexual de alto risco ou múltiplos parceiros
- Início precoce das relações sexuais, abaixo dos 14 anos de idade
- Gestação precoce, antes dos 20 anos de idade
- Uso prolongado de anticoncepcionais orais, mais de 10 anos
- Imunodepressão e imunossupressão
- Radiações ionizantes
O prognóstico do câncer de colo uterino tratado é bom, especialmente nos estádios muito iniciais. Nestes estágios iniciais, a cirurgia padrão para tratamento é chamada de Cirurgia de Wertheim-Meigs, ou histerectomia radical, e consiste na retirada de todo o útero com os seus ligamentos de sustentação próximos da parede óssea, além de ressecção do trecho proximal da vagina e dos linfonodos retroperitoneais (gânglios ou leigamente chamados de ínguas), que acompanham os grandes vasos pélvicos (algumas vezes também os vasos sanguíneos do abdômen superior). É uma cirurgia oncológica de grande porte, que muitas vezes já trata a doença nos estágios iniciais, dispensando outros tratamentos.
Para a doença avançada, na maioria das vezes é preconizada a radioterapia associada ou não à quimioterapia (quimiossensibilizada).
Nos casos de recorrência após o tratamento do câncer do colo uterino, muitas vezes a chamada cirurgia de resgate é uma opção benéfica à paciente. Nestas circunstâncias pode ser necessário, em situações extremas, a exenteração pélvica, que consiste na retirada da bexiga em sua totalidade ou parcialmente, retirada do reto, da vagina. Nestas raras circunstâncias, um suporte psicológico, nutricional e cuidados médicos específicos são mandatórios.
Câncer de ovário
O câncer de ovário é o mais letal dos tumores ginecológicos. Aproximadamente 67% dos casos resultam em mortes. O câncer do ovário apresenta-se em estágios avançados em 75% dos casos. O diagnóstico deve ser suspeitado em toda mulher com ascite, emagrecimento, massa pélvica, ou carcinomatose peritoneal. As ferramentas terapêuticas mais frequentemente utilizadas são: cirurgia e quimioterapia (terapia sistêmica).
O tratamento inicial ideal do carcinoma de ovário é a cirurgia citorredutora, cujo objetivo é retirar todo o tumor visível e não deixar sinais de doença em nenhum órgão abdominal (ausência de doença residual ao final do procedimento, chamado no jargão médico de Cirurgia Ótima ou Cirurgia R-ZERO). Geralmente são cirurgias extensas que exigem do cirurgião conhecimento de anatomia cirúrgica pélvica e do abdômen superior e uma equipe de multiespecialistas pode ser necessária em determinadas situações clínicas. Exames de imagem, de sangue (marcadores tumorais) e avaliação clínica cuidadosa podem ser úteis para predizer se esta meta cirúrgica será alcançada.
Câncer do endométrio
No Brasil é a segunda neoplasia maligna pélvica mais frequente, vindo logo após o câncer do colo uterino em número de casos novos. A incidência aumenta entre a sexta e oitava décadas da vida e espera-se um aumento maior dessa taxa de incidência relacionado à obesidade, principalmente na América do Norte, Europa Ocidental e região Sudeste brasileira.
O tratamento inicial ideal é a cirurgia, que muitas vezes consiste, além da retirada do útero, trompas e ovários, a retirada dos linfonodos (ínguas) que acompanham os grandes vasos sanguíneos desde o abdômen superior até a pélvis. Trata-se de uma cirurgia oncológica extensa e meticulosa.
Em muitas circunstâncias estes procedimentos podem ser feitos por via chamada ‘minimamente invasiva’, através da Videolaparoscopia ou mais modernamente da Cirurgia Robótica, que possibilitam recuperações mais rápidas, melhores resultados estéticos em termos de cicatrizes, menor perda sanguínea intraoperatória e redução de dor pós-operatória (conforme dados da Literatura Médica).